sábado, 6 de fevereiro de 2010

Invasão ou Progresso


Neste mês de fevereiro será concedida pelo IBAMA uma licença prévia para a construção de uma hidrelétrica no Pará. O grande problema é que, segundo os índios e agricultores da região de Belo Monte, isso pode inundar até 1.241 propriedades rurais.

Segundo a reportagem feita pelo Globo.com, as famílias atingidas serão reassentadas em outras áreas e devem receber indenização pelas benfeitorias. O agricultor João Pereira se enquadra nesse caso. Toda semana, ele leva para a feira de Altamira as frutas e legumes que produz na roça. Agora, tem receio de perder tudo o que construiu em 25 anos de trabalho.

Com um custo em torno de R$ 30 bilhões, a construção contará ainda com dois reservatórios no Rio Xingu, com a barragem principal localizada próxima ao Altamira de onde deverão sair canais que serão construídos para abastecer um segundo reservatório rio abaixo, numa área que pertence ao município de Vitória do Xingu. Contudo, em dez anos, poderá gerar de 18 a 20 mil empregos diretos.

Os estudos de impacto ambiental mostram que esses dois reservatórios de Belo Monte irão prejudicar pelo menos 3 mil agricultores. O levantamento também indica que em 78% desses imóveis são desenvolvidas atividades ligadas à agricultura familiar e à pecuária bovina.

Divulgação
Embora, a expectativa das autoridades seja que essa Usina de Belo Monte se transforme na terceira maior hidrelétrica do mundo e a segunda maior do Brasil, atrás apenas de Itaipu, os moradores estão noites sem dormir, preocupados se vão realmente serem retirados de lá, já que não têm a mínima idéia de quê vão sobreviver.









 Repercussão

Um grupo de caciques resistiu e foi a Brasília contestar a construção da hidrelétrica.

- Isso já custou 20 anos da nossa história de trabalho e de sofrimento. Não estamos mais dispostos a fazer mais essa brincadeira de gato e rato do governo federal. Ou ele respeita nossos povos indígenas ou os povos indígenas declaram guerra, como já aconteceu contra Belo Monte, caso se insista em implantar Belo Monte na nossa região, avisou Luís Xipaia, cacique e presidente do Conselho Indígena de Altamira.

Em contrapartida

Em contrapartida estão os políticos e empresários defendendo os interesses da usina como uma grande oportunidade de desenvolvimento para o país e, claro, para a região.

- Serão alagados 516 km² dessa área que já é a própria calha do Rio Xingu. Mas mesmo assim vai se perder alguma área de floresta e algumas fazendas serão alagadas. Acho que essa perda não é tão significativa diante do tamanho do município de Altamira, que é de 159 mil km², onde 96% ainda é de área preservada, defende Vilmar Soares, coordenador do Fórum de Desenvolvimento da Região da Transamazônica.

Por enquanto, o IBAMA ainda está examinando os documentos para a concessão da licença prévia. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirma que essa primeira licença vai exigir que os construtores dêem suportes ambientais e sociais: mais de R$ 1 bilhão em saneamento, habitação, escola técnica, adoção de parques e adoção de reservas indígenas.

Seguindo dessa maneira, até a própria população local verá que o projeto vai ser fundamental para que a região tenha um nível de vida, de saúde e educacional muito melhores do que antes.

- O fato de o projeto ser um grande empreendedorismo e também de grande importância para o país vai beneficiar muito a população da região, que terá cravados mais de R$ 1 bilhão na licença como obrigações do empreendedor, diz Minc. O ministro informa ainda que o Ibama deve conceder a licença prévia para o início da obra no mês de fevereiro.


2 comentários:

loboreporter disse...

Mais um crime contra a natureza, a fauna e os nativos.

12 de março de 2010 às 08:07
Unknown disse...

Pois é, Pasoline
A política e a economia do nosso país perderam completamente suas morais cívicas.

12 de março de 2010 às 09:00